Ao abordar saúde e segurança no trabalho, as empresas costumam vincular o assunto a deveres legais ou à aquisição de ferramentas. Com a liberação da ISO 45001, a segurança começou a ser abordada de maneira integrada à administração da empresa. Essa norma internacional sugere uma abordagem organizada: reconhecer perigos, analisar riscos, aplicar controles e acompanhar resultados.
Nesse processo, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são parte essencial, mas nunca isolada. Eles precisam estar alinhados à natureza do risco identificado, sob pena de gerar um falso senso de proteção. E é aqui que entra a consultoria técnica especializada: transformar a classificação de risco prevista pela ISO 45001 em decisões práticas sobre quais EPIs adotar, como utilizá-los e como integrá-los a programas como o PGR da NR-1.
O que a ISO 45001 realmente exige
A ISO 45001 substituiu a antiga OHSAS 18001 como referência mundial. Ela determina que a organização deve:
- Mapear perigos em todas as atividades, inclusive administrativas e de apoio.
- Avaliar riscos considerando a probabilidade e a gravidade de cada evento.
- Definir controles compatíveis, incluindo EPIs, EPCs (equipamentos de proteção coletiva) e medidas administrativas.
- Revisar continuamente os resultados, com foco em melhoria.
A classificação de risco é a ferramenta que conecta o diagnóstico à ação. Um corte leve e eventual pode demandar luvas de proteção mecânica. Já uma queda em altura, risco de gravidade máxima, exige cinto de segurança homologado, talabarte e sistemas de ancoragem, como previsto na NR-35.
Essa relação entre risco e EPI não pode ser decidida apenas por catálogos. Requer análise técnica de contexto: ambiente, exposição, frequência e interação entre diferentes riscos.
A ponte entre normas brasileiras e ISO
No Brasil, as Normas Regulamentadoras detalham exigências específicas. A NR-6 obriga que todo EPI tenha Certificado de Aprovação (CA) válido, o que garante que o equipamento foi testado segundo requisitos mínimos. A NR-9 trata da exposição a agentes físicos, químicos e biológicos. A já citada NR-35 cobre riscos em altura.
A ISO 45001 não substitui essas normas, mas complementa. Enquanto as NRs são regras prescritivas, a ISO oferece um sistema de gestão contínuo, que exige evidências e melhoria constante. A consultoria técnica tem o papel de costurar essas duas camadas: usar as NRs como base legal obrigatória e a ISO como modelo de excelência.
Como a consultoria técnica se materializa
Uma boa consultoria não se resume a indicar marcas ou modelos. O processo inclui:
- Diagnóstico de riscos: visitas técnicas, medições ambientais e entrevistas com trabalhadores.
- Classificação estruturada: matriz de probabilidade × gravidade, em linha com a ISO 45001.
- Tradução em requisitos de EPI: cada risco mapeado gera uma especificação técnica.
- Indicação de produtos adequados: cruzando CA, normas internacionais e conforto ergonômico.
- Treinamento e capacitação: sem adesão dos trabalhadores, mesmo o melhor EPI perde eficácia.
- Monitoramento contínuo: dados de uso, registros de troca e manutenção alimentam o ciclo de melhoria.
Exemplos práticos da consultoria na escolha de EPIs
A teoria das normas e a análise de risco são fundamentais, mas só se tornam efetivas quando aplicadas ao dia a dia da operação. É nesse ponto que a consultoria técnica mostra sua relevância: traduzir exigências como a ISO 45001 e as Normas Regulamentadoras brasileiras em escolhas concretas de EPIs adequados para cada cenário. A seguir, alguns casos ilustram como essa orientação contribui para evitar erros comuns e potencializar a proteção.
Trabalho em altura
A ISO 45001 classifica quedas como risco de gravidade máxima. Isso significa que a probabilidade pode até variar conforme o tipo de obra ou atividade, mas a severidade nunca muda: a consequência é crítica. A consultoria técnica, ao analisar esse risco, não apenas recomenda o uso de cinturões e talabartes, mas avalia fatores como:
- O tipo de ancoragem disponível no local.
- O tempo de resgate em caso de queda.
- A compatibilidade entre os diferentes elementos do sistema.
Um erro comum é escolher o cinto apenas pelo preço ou pelo conforto inicial, ignorando que, em caso de queda, ele precisa suportar forças de impacto e permitir resgate rápido. Produtos certificados, como os da linha de proteção contra quedas da Bunzl, atendem a esse requisito quando especificados corretamente.
Botas de segurança em ambientes industriais
O risco de impacto, perfuração ou deslizamento também deve ser classificado segundo a ISO 45001. A probabilidade depende do tipo de atividade — em logística com empilhadeiras, por exemplo, o risco de esmagamento é alto; já em áreas administrativas é nulo. A gravidade, entretanto, é sempre significativa, já que envolve mobilidade do trabalhador.
- A consultoria considera não apenas o bico de aço ou composite, mas também:
- A resistência da sola a agentes químicos.
- O desempenho antiderrapante conforme NR-32 (quando aplicável a serviços de saúde).
- O conforto térmico em ambientes quentes ou frios.
Na prática, botas como as da linha de segurança da Bunzl são especificadas de acordo com o risco real, evitando sobrecarga de estoque com modelos inadequados.
Riscos químicos e respiratórios
Outro exemplo é a manipulação de solventes ou poeiras tóxicas. A classificação de risco aqui considera a frequência de exposição e o limite de tolerância previsto na NR-15. A consultoria cruza esses limites com a ISO 45001 e indica se o adequado é um respirador semifacial, um filtro específico ou até sistemas de adução de ar.
Benefícios além da conformidade

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Seguir a legislação já é obrigatório, mas empresas que estruturam a escolha de EPIs de forma estratégica conseguem ir muito além do mero cumprimento da lei. A consultoria técnica mostra que, quando cada equipamento é pensado em função do risco real e da atividade, os ganhos aparecem em diferentes frentes:
- Redução de acidentes e afastamentos: diretamente ligados à produtividade e aos custos com saúde.
- Eficiência financeira: a empresa compra apenas o necessário, evitando sobre ou subespecificação.
- Reforço da cultura de segurança: quando o trabalhador percebe que o EPI escolhido é confortável e realmente eficaz, a adesão aumenta.
- Valor em auditorias: tanto em inspeções do Ministério do Trabalho quanto em auditorias ISO, a empresa mostra evidência de alinhamento entre risco identificado e EPI fornecido.
Erros comuns quando não há consultoria
A ausência de orientação técnica faz com que muitas empresas tratem os EPIs como simples itens de catálogo, sem conexão com o risco real. Isso gera desperdício de recursos, baixa adesão dos trabalhadores e vulnerabilidade em auditorias. Entre os erros mais frequentes estão:
- Escolher EPIs apenas pelo menor preço: acaba resultando em trocas frequentes e baixa adesão.
- Comprar por catálogo sem analisar risco real: gera sobrecarga de estoque e falta de padronização.
- Ignorar integração entre EPIs: um capacete pode ser ótimo isoladamente, mas incompatível com o protetor auricular ou óculos de segurança da mesma atividade.
- Desconsiderar a ISO 45001: empresas que ficam apenas nas NRs cumprem a lei, mas perdem a oportunidade de alinhar-se a padrões internacionais de gestão.
Considerações finais
A ISO 45001 exige que cada decisão em segurança ocupacional seja fundamentada em avaliação de risco. A consultoria técnica é o elo que transforma essa exigência em prática concreta, ajudando empresas a selecionar os EPIs corretos para cada cenário, alinhados às Normas Regulamentadoras brasileiras e às melhores práticas internacionais.
Na Bunzl EPI, a consultoria técnica conecta experiência prática, conhecimento normativo e um portfólio amplo de EPIs certificados para que cada risco mapeado encontre a solução adequada. Mais do que fornecer equipamentos, a Bunzl ajuda empresas a transformar gestão de risco em diferencial competitivo.
Com esse apoio, a organização reduz acidentes, fortalece sua cultura de segurança e ainda otimiza custos.