EPIs para trabalhadores em zonas industriais portuárias: riscos e soluções específicas

Zonas portuárias são ambientes complexos, onde diferentes operações (descarga de grãos, movimentação de contêineres, transporte de combustíveis e manutenção de embarcações) acontecem de forma simultânea. Essa diversidade faz com que o risco ocupacional seja um dos mais altos da indústria brasileira.

Segundo dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, portos e terminais estão entre os setores com maior índice de acidentes graves relacionados  à movimentação de cargas pesadas. Em locais onde convivem calor, ruído, umidade e produtos inflamáveis, a proteção individual precisa ser planejada com rigor técnico.

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são a última linha de defesa em um ambiente onde qualquer descuido pode ter consequências severas. Mas a simples entrega de equipamentos não garante segurança. É preciso compreender as especificidades das zonas portuárias e adaptar cada EPI ao tipo de operação realizada, conforme o que determinam as normas brasileiras e internacionais.

Um ambiente de múltiplos riscos

EPIs para trabalhadores em zonas industriais portuárias: riscos e soluções específicas

Fonte: Canva Pro

Ao contrário de fábricas com processos padronizados, os portos reúnem uma infinidade de cenários: movimentação de cargas pesadas, manutenção de motores, limpeza de tanques, trabalho em altura e até manipulação de substâncias químicas.
Por isso, a análise de risco deve ser multidisciplinar e envolver tanto a NR-29 (específica para segurança e saúde no trabalho portuário) quanto normas complementares como NR-33 (espaços confinados), NR-35 (trabalho em altura) e NR-15 (atividades insalubres).

Entre os principais riscos estão:

  • Ruído contínuo e vibrações, provenientes de guindastes, empilhadeiras e navios;
  • Exposição solar e calor radiante, que afetam jornadas prolongadas em pátios e docas;
  • Contato com produtos químicos e combustíveis, durante o abastecimento ou manuseio de cargas líquidas;
  • Risco de queda em altura ou afogamento, em operações de manutenção e atracação;
  • Ameaça biológica, em locais de armazenamento de cargas perecíveis.

Cada um desses riscos demanda soluções específicas, alinhadas à realidade operacional do porto e ao clima da região.

Proteção auditiva e contra vibrações

Em áreas de movimentação de contêineres e máquinas pesadas, o ruído ultrapassa facilmente os 85 decibéis, limite estabelecido pela NR-15, Anexo I.
A exposição contínua a esse nível pode causar perda auditiva irreversível, um dos agravos ocupacionais mais comuns em trabalhadores portuários.

Os protetores auditivos devem ter Certificado de Aprovação (CA) e ser testados quanto ao Nível de Redução de Ruído (NRRsf), definido pela ABNT NBR 16076.
Modelos do tipo concha são ideais para operações com guindastes ou embarcações, onde o ruído é intermitente. Já os protetores moldáveis, como os de espuma de poliuretano, são mais indicados para turnos longos e locais de manutenção.

Alguns portos também adotam protetores com comunicação integrada (Bluetooth ou rádio), que permitem a coordenação das equipes sem exposição adicional ao ruído, tecnologia presente em diversos modelos da Bunzl EPI.

Proteção respiratória e química

A presença de gases e vapores tóxicos, especialmente em áreas de abastecimento e armazenamento de granéis líquidos, torna a proteção respiratória indispensável.
A NR-9 exige que a exposição a contaminantes atmosféricos seja avaliada periodicamente, e a NBR 12543 define os critérios de seleção e uso de respiradores.

Em atividades de curta duração ou emergência, os respiradores semifaciais PFF2 e PFF3 garantem boa filtragem de partículas e aerossóis. Já para manutenções em tanques e áreas confinadas, é necessário o uso de máscaras com filtros químicos, como cartuchos para vapores orgânicos, ácidos e amônia.

Além das máscaras, luvas nitrílicas e vestimentas de proteção química, como macacões em polietileno laminado disponíveis na Bunzl EPI, ajudam a evitar a absorção cutânea de solventes e hidrocarbonetos. A escolha deve seguir o ensaio de permeação previsto na ABNT NBR ISO 6529, que mede o tempo de passagem da substância através do material.

 

Proteção contra quedas e afogamentos

Trabalhos de manutenção em píeres e estruturas metálicas elevadas exigem EPIs específicos de proteção contra quedas, conforme a NR-35.
O cinto de segurança tipo paraquedista, talabartes com absorvedor de energia e pontos de ancoragem certificados são obrigatórios sempre que houver risco de queda superior a 2 metros.

Em operações próximas à água, o ideal é integrar o sistema de retenção de queda com coletes salva-vidas homologados pela Marinha do Brasil, o que permite mobilidade sem comprometer a flutuabilidade. Há modelos híbridos que reúnem proteção antiesmagamento e flutuação automática, solução adotada em terminais modernos que buscam reduzir o tempo de resgate.

Clima, ergonomia e conforto térmico

Os portos brasileiros estão, em sua maioria, em regiões litorâneas de clima quente e úmido. Essa combinação impõe desafios adicionais à segurança: fadiga térmica, desidratação e redução da concentração são fatores que aumentam o risco de acidentes.

A NR-17, que trata da ergonomia, estabelece que as condições ambientais devem permitir conforto adequado para a execução das tarefas. Isso inclui temperatura, ventilação e esforço físico.

No caso dos EPIs, a aplicação prática dessa norma significa escolher materiais leves, respiráveis e com dissipação de calor, sem comprometer a resistência mecânica.
Tecidos técnicos com estrutura microporosa (como os usados em macacões químicos da Bunzl EPI) permitem a saída do vapor corporal, evitando superaquecimento.

Além das vestimentas, as botas de segurança desempenham papel ergonômico essencial. Solados em poliuretano bidensidade reduzem o impacto nas articulações e melhoram a tração em superfícies metálicas ou úmidas, comuns nas docas.
A biqueira em composite substitui o aço, oferecendo leveza sem perda de proteção, o que reduz a fadiga muscular em jornadas longas.

Esses detalhes técnicos, somados ao ajuste anatômico e à resistência química, fazem a diferença entre um EPI usado de forma contínua e outro que o trabalhador evita por desconforto.

O fator humano na segurança portuária

Mesmo com o fornecimento dos melhores equipamentos, a adesão ao uso de EPIs ainda é um dos maiores desafios na segurança portuária. Segundo estudos da Fundacentro, cerca de 30% dos acidentes relacionados a quedas e cortes em portos estão associados ao uso incorreto ou ausência de EPI.

Esse dado mostra que a eficácia do equipamento depende diretamente da cultura de segurança da empresa. Treinamentos contínuos, demonstrações práticas e acompanhamento dos supervisores são tão importantes quanto a especificação técnica.

A NR-1 reforça que o empregador deve garantir não apenas o fornecimento, mas também a orientação e o treinamento dos trabalhadores quanto ao uso correto dos EPIs.
Quando a equipe entende a finalidade de cada item (e percebe conforto e qualidade no produto), a adesão tende a aumentar de forma orgânica.

Além disso, programas de feedback e observação comportamental ajudam a identificar resistências, ajustar modelos e adaptar soluções às particularidades de cada operação.

Benefícios operacionais e conformidade legal

Uma gestão de EPIs bem estruturada não é apenas uma obrigação regulatória — é um investimento estratégico que gera ganhos concretos.
Entre os principais benefícios estão:

  • Redução de afastamentos por lesões e doenças ocupacionais, o que diminui custos com substituições e sinistros.
  • Melhoria na produtividade, já que o conforto e a confiança no equipamento aumentam a eficiência nas tarefas.
  • Fortalecimento da imagem institucional, especialmente em empresas que operam com certificações ISO 45001 e 14001.
  • Evidência de conformidade legal, essencial durante auditorias e fiscalizações trabalhistas.

Esses resultados só são alcançados quando há rastreabilidade e controle. A gestão deve manter registros atualizados de CAs, validade e treinamento de uso, exigências previstas na NR-6 e em consonância com o artigo 157 da CLT, que determina a responsabilidade direta do empregador pela segurança do ambiente de trabalho.

Empresas que tratam o EPI como parte de um sistema integrado de prevenção, e não apenas como item de checklist, alcançam redução de até 40% nos incidentes críticos, conforme dados do Observatório de SST da SmartLab.

A importância da consultoria técnica na escolha dos EPIs portuários

Dada a complexidade dos ambientes portuários, a seleção técnica de EPIs deve ser conduzida com apoio especializado. Cada terminal tem peculiaridades operacionais: carga mineral, granel líquido, contêineres, operação noturna ou confinada. Nenhum modelo genérico cobre todos esses cenários.

É por isso que empresas buscam o suporte de consultorias especializadas, como a oferecida pela Bunzl EPI, que alia conhecimento normativo e experiência prática em segurança ocupacional.

Com base em avaliações de risco reais, a equipe técnica recomenda combinações específicas de proteção respiratória, auditiva, química e contra quedas, garantindo conformidade com as normas NR-6, NR-29 e NR-35.

Essa abordagem evita tanto o excesso (equipamentos desnecessariamente caros ou desconfortáveis) quanto a insuficiência (proteção abaixo do exigido), promovendo um equilíbrio entre custo, segurança e eficiência operacional.