Ergonomia e segurança do trabalho são áreas que caminham lado a lado, mas ainda são tratadas de forma separada em muitas indústrias. Enquanto a ergonomia busca adaptar o trabalho ao ser humano, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) servem para proteger o corpo dos riscos que não podem ser eliminados. Quando esses dois conceitos não se encontram, surgem desconfortos, afastamentos e, principalmente, o uso incorreto dos equipamentos.
De acordo com o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, vinculado ao Ministério Público do Trabalho e à OIT, cerca de um terço dos afastamentos na indústria brasileira envolve dores musculoesqueléticas associadas ao uso inadequado de equipamentos e posturas incorretas.
Esses dados reforçam a importância de integrar ergonomia e proteção desde o planejamento dos EPIs até o acompanhamento do uso diário.
Ergonomia: o ponto de partida para o uso correto de EPIs

Fonte: Canva PRO
A NR-17 estabelece parâmetros que permitem adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, garantindo conforto, segurança e desempenho eficiente.
Ela não trata apenas da altura de mesas ou do peso das cargas, mas também da interface entre o corpo e o equipamento de trabalho, o que inclui os EPIs.
Na prática, isso significa que a escolha e o ajuste dos equipamentos devem considerar:
- As dimensões corporais médias da equipe (biometria);
- As tarefas realizadas e seus movimentos repetitivos;
- O tempo de uso contínuo e as pausas necessárias;
- E a compatibilidade entre diferentes epis (como óculos e respiradores).
Por exemplo, um trabalhador de manutenção que usa capacete, protetor auricular e óculos simultaneamente precisa de modelos compatíveis para evitar pontos de pressão ou lacunas de vedação. Sem essa compatibilidade, é comum que ele ajuste mal um dos itens ou até o retire durante o expediente, reduzindo a eficácia da proteção.
A ergonomia aplicada aos EPIs é, portanto, uma forma de prevenção comportamental: quanto mais confortável e funcional o equipamento, maior a adesão espontânea ao uso correto.
EPIs mal ajustados
Erros de dimensionamento e escolha de material estão entre as causas mais frequentes de falhas de proteção. De acordo com a NR-6, cabe ao empregador fornecer EPIs adequados ao risco e em perfeito estado de conservação, considerando inclusive o conforto e a adaptação ao trabalhador.
Mas na prática, ainda é comum a distribuição de equipamentos “padrão” para todos, sem ajustes individuais. O resultado aparece em pequenas resistências diárias: a luva que escorrega, o cinto que incomoda, o respirador que causa calor excessivo. Esses detalhes parecem banais, mas são gatilhos de comportamento de risco, o trabalhador passa a usar o EPI apenas parcialmente ou de forma intermitente.
Um estudo técnico da Fundacentro indica que a adesão ao uso correto dos EPIs pode cair até 45% quando há desconforto ergonômico perceptível. Isso significa que o investimento em treinamento ou fiscalização é inútil se o equipamento não se adapta ao corpo e ao tipo de tarefa.
Por isso, a ergonomia deve estar presente não apenas na análise de postos de trabalho, mas também na especificação dos EPIs.
Conforto também é segurança
Ergonomia não é sinônimo de conforto superficial, é ciência aplicada à performance humana.
Um calçado mais leve, uma luva respirável ou um capacete bem balanceado reduzem o esforço muscular, diminuem a fadiga e aumentam a precisão dos movimentos. Essa relação direta entre conforto e segurança já é comprovada por estudos de campo.
Pesquisas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apontam que a redução de 15% na carga muscular por meio de EPIs ergonomicamente otimizados está associada a uma queda proporcional nas falhas de procedimento.
Isso acontece porque o trabalhador se mantém mais concentrado e disposto ao longo da jornada. Nas linhas de produção, por exemplo, luvas de alta destreza com revestimentos em espuma de nitrilo oferecem proteção contra abrasão e ao mesmo tempo preservam o tato e a mobilidade, recurso essencial em tarefas de precisão.
Esses modelos, disponíveis no catálogo da Bunzl EPI, exemplificam como a ergonomia pode estar presente até nos detalhes da textura e do ajuste do EPI.
Ergonomia aplicada ao treinamento
Ergonomia e capacitação são inseparáveis. Não basta oferecer o EPI certo, é preciso garantir que o trabalhador saiba ajustar, usar e manter o equipamento de modo ergonômico.
A NR-1 determina que todo treinamento em segurança deve considerar as condições reais do trabalho. Isso significa que, ao ensinar o uso de um cinto de segurança, por exemplo, o instrutor deve incluir o posicionamento corporal adequado, o tempo máximo de suspensão e os movimentos permitidos, pontos diretamente ligados à ergonomia.
Em pequenas e médias indústrias, onde o tempo de treinamento costuma ser curto, a aplicação de microtreinamentos práticos é uma estratégia eficaz.
Essas sessões rápidas, realizadas no próprio posto de trabalho, permitem corrigir gestos incorretos e demonstrar ajustes finos, como a regulagem correta de uma máscara ou o aperto ideal de uma bota de segurança.
Outro ponto essencial é o feedback contínuo. Supervisores e técnicos de segurança devem observar o uso dos EPIs no dia a dia e registrar desconfortos relatados pela equipe. Esses dados servem para reavaliar modelos, tamanhos e materiais.
Quando a empresa escuta o trabalhador e adapta os equipamentos à sua realidade, ela reduz a resistência e fortalece o comportamento seguro.
Avaliação ergonômica dos EPIs
A verificação ergonômica deve ser tratada como parte da gestão de EPIs, não apenas uma ação pontual. A NR-17 orienta que empresas realizem análises ergonômicas do trabalho (AET) para identificar desconfortos e oportunidades de melhoria. Esse diagnóstico pode incluir:
- Testes de ajuste e compatibilidade entre diferentes epis;
- Medições de temperatura e umidade sob vestimentas de proteção;
- Questionários de conforto térmico e muscular;
- E observações sobre fadiga em jornadas longas.
Os resultados orientam decisões de compra e renovação de estoque, evitando a aquisição de modelos inadequados. Em setores como metalurgia, construção civil e energia, essa prática tem sido usada para substituir EPIs pesados por versões mais leves com o mesmo nível de resistência.
O uso de materiais técnicos, como cabedais respiráveis, solados bidensidade e espumas anatômicas, já é considerado diferencial ergonômico em auditorias de conformidade.
Essas soluções, disponíveis em linhas de botas de segurança e luvas técnicas da Bunzl EPI, demonstram como inovação e ergonomia se convertem em produtividade e adesão.
Ergonomia e cultura de segurança
O aspecto mais transformador da ergonomia não está apenas na escolha do EPI, mas na mudança de mentalidade. Quando o trabalhador entende que conforto e segurança caminham juntos, o uso correto dos equipamentos deixa de ser imposição e passa a ser parte natural da rotina.
Empresas com cultura ergonômica consolidada apresentam menos afastamentos, melhor engajamento e maior retenção de profissionais. Segundo levantamento da Fundacentro, programas que incorporam ergonomia às práticas de segurança reduzem em até 35% os incidentes relacionados à fadiga e movimentação repetitiva.
A comunicação interna também tem papel fundamental. Sinalizações claras, campanhas visuais e reuniões curtas reforçam boas práticas e lembram que a ergonomia está presente em cada gesto, desde calçar a bota corretamente até ajustar o protetor auricular.
Considerações finais
Ergonomia e EPI não são temas distintos. São dois lados da mesma equação que define a segurança no trabalho . O equipamento mais resistente do mundo perde eficácia se for desconfortável. E o EPI mais ergonômico perde sentido se não oferecer proteção adequada.
Unir essas dimensões exige conhecimento técnico, diálogo com o usuário e acompanhamento contínuo. A Bunzl EPI entende que a verdadeira segurança nasce da integração entre tecnologia, conforto e comportamento humano.
Com um portfólio que inclui EPIs certificados, leves e adaptados à realidade industrial brasileira, além de suporte técnico para análise ergonômica e especificação correta, a empresa apoia gestores e técnicos de segurança que buscam resultados sustentáveis e equipes mais protegidas.