Alguns dos riscos mais perigosos no ambiente de trabalho não podem ser vistos nem sentidos. Gases tóxicos, microrganismos, partículas suspensas e agentes corrosivos fazem parte da rotina de milhares de profissionais, especialmente nos setores de saúde, saneamento, indústria química, agrícola e de alimentos.
Esses são os chamados riscos invisíveis, e a dificuldade em identificá-los a olho nu faz com que sejam subestimados, tanto por empresas quanto por trabalhadores. Segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho e pela OIT, as doenças ocupacionais relacionadas a agentes químicos e biológicos estão entre as mais subnotificadas do país.
A boa notícia é que a proteção contra esses riscos evoluiu significativamente. Hoje, os EPIs químicos e biológicos incorporam tecnologias que ampliam a barreira física e, ao mesmo tempo, reduzem desconfortos que antes prejudicavam a adesão. Tecidos inteligentes, materiais microporosos e novos filtros respiratórios tornaram a proteção mais eficaz e adaptada à realidade de quem precisa usá-la por longos períodos.
O que define um risco invisível

Fonte: Canva Pro
Os riscos invisíveis são definidos pela NR-9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Ela determina que agentes químicos e biológicos devem ser identificados, quantificados e monitorados de forma contínua, já que sua presença pode não ser percebida imediatamente, mas gerar danos cumulativos.
A NR-15 complementa a abordagem ao estabelecer limites de tolerância para exposição a agentes nocivos, por exemplo, solventes orgânicos, poeiras minerais, vapores metálicos e microrganismos patogênicos.
No caso de risco biológico, o foco está em vírus, bactérias, fungos e parasitas que podem causar doenças ocupacionais. Profissionais da saúde, limpeza, coleta de resíduos e saneamento estão entre os mais expostos. Já os riscos químicos atingem uma gama mais ampla de atividades, incluindo manipulação de reagentes, pintura automotiva, galvanoplastia, aplicação de defensivos agrícolas e operação de caldeiras.
Em todos esses cenários, o EPI deve ser especificado de acordo com a natureza, concentração e duração da exposição, integrando-se ao controle de engenharia e às medidas administrativas previstas na ISO 45001, norma internacional de gestão de saúde e segurança ocupacional.
Avanços tecnológicos na proteção química e biológica
Até alguns anos atrás, os EPIs voltados à proteção química e biológica priorizavam apenas a resistência do material. O problema é que, ao focar somente na barreira física, muitos produtos sacrificavam conforto, ergonomia e respirabilidade. Isso levava a um cenário perigoso: o trabalhador removia o equipamento durante o expediente para aliviar o desconforto, expondo-se justamente quando o risco era mais alto.
Com o avanço da engenharia de materiais, esse paradigma mudou. Entre as principais inovações estão:
- Tecidos microporosos e laminados de alta densidade, que permitem a troca de calor sem comprometer a impermeabilidade.
- Filtros químicos de múltiplas camadas, com carvão ativado e agentes neutralizantes que capturam gases e vapores tóxicos.
- Respiradores com válvulas de exalação inteligente, que reduzem a umidade interna e o esforço respiratório.
- Revestimentos antivirais e antibacterianos, aplicados em vestimentas e luvas de uso prolongado.
Esses avanços seguem os requisitos das normas EN 14126 (proteção contra agentes biológicos) e ASTM F739 (permeabilidade química de materiais), reconhecidas internacionalmente e utilizadas como referência para certificações de produtos no Brasil.
Aplicações práticas por setor
A escolha e especificação de EPIs químicos e biológicos variam conforme o tipo de risco e o ambiente de trabalho. Por isso, a consultoria técnica desempenha papel essencial ao alinhar as exigências legais à realidade operacional de cada setor.
Saúde e laboratórios
Nos serviços de saúde e pesquisa, a exposição a microrganismos é constante. A NR-32 define medidas para proteção contra agentes biológicos, exigindo o uso de equipamentos como respiradores, luvas e vestimentas impermeáveis. Além disso, a norma exige treinamento contínuo e rastreabilidade dos EPIs utilizados.
Nesses ambientes, o uso de aventais e macacões com revestimento contra fluidos e micro-organismos, como os modelos disponíveis na Bunzl EPI, permite que o profissional execute suas atividades com menor risco de contaminação por contato ou aerossol. As luvas nitrílicas e os respiradores PFF2 complementam a proteção, garantindo barreira física e filtragem adequada para ambientes de biossegurança.
Indústria química e petroquímica
Na indústria química, os riscos invisíveis se manifestam em forma de vapores, gases corrosivos e respingos de solventes. A NR-20 estabelece critérios para o manuseio seguro de líquidos inflamáveis e combustíveis, reforçando a necessidade de proteção individual específica.
A análise de risco define se o ambiente exige respiradores semifaciais com filtro químico ou máscaras inteiras com cartucho combinado. Modelos disponíveis na Bunzl EPI seguem as exigências da NBR 13694, que regula filtros para partículas e vapores tóxicos, garantindo eficiência mínima de 95% de retenção.
Outro ponto relevante é a escolha de luvas de borracha butílica ou nitrílica, materiais que resistem melhor à penetração de ácidos e solventes. As recomendações técnicas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indicam que o tempo de permeação e a espessura do material devem ser considerados durante a especificação, evitando falsas sensações de segurança com luvas de uso genérico.
Saneamento e tratamento de resíduos
No setor de saneamento, os riscos são mistos, químicos e biológicos. Trabalhadores estão expostos tanto a agentes infecciosos quanto a gases resultantes da decomposição orgânica, como metano e sulfeto de hidrogênio. A NR-33 trata do trabalho em espaços confinados e reforça a necessidade de EPIs que combinem resistência química e respiratória.
Nesse contexto, a proteção deve incluir respiradores com adução de ar, vestimentas impermeáveis e botas de segurança com solado antiderrapante e resistência a agentes biológicos.
Estudos e referências técnicas
Pesquisas conduzidas pela Fundacentro, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que o uso correto de EPIs adequados ao risco reduz em até 40% os afastamentos por doenças ocupacionais químicas e biológicas. Esses dados constam no relatório técnico “Saúde e Segurança no Trabalho: Panorama e Desafios” (2023), que reforça a importância de integrar controle técnico e gestão comportamental.
Além disso, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em estudo sobre exposição a substâncias perigosas publicado em 2022, destaca que cerca de 1,9 milhão de trabalhadores morrem todos os anos no mundo em decorrência de condições laborais associadas a agentes químicos ou biológicos. Esse número supera as fatalidades por acidentes físicos e demonstra o impacto invisível dessas exposições.
Esses dados servem de alerta para que empresas invistam em políticas contínuas de atualização e controle, incorporando tecnologia e consultoria técnica em seus programas de segurança.
O papel da consultoria técnica na gestão dos riscos invisíveis
A especificação correta dos EPIs depende de análises precisas de exposição e compatibilidade entre os equipamentos. A consultoria técnica faz a ponte entre a legislação e a realidade operacional, garantindo que cada produto selecionado cumpra sua função sem comprometer o conforto ou a mobilidade.
Além da definição do EPI adequado, a consultoria avalia:
- Tempo de exposição e condições ambientais.
- Integração entre equipamentos, evitando sobreposição ou falhas de vedação.
- Treinamento e rastreabilidade, para assegurar o uso correto e o descarte seguro.
Com isso, o EPI deixa de ser um item de compra reativa e passa a integrar a estratégia de gestão de riscos, conforme orienta a ISO 45001.
Considerações finais
A evolução dos EPIs para riscos invisíveis representa uma mudança cultural na forma como empresas encaram a segurança ocupacional. O foco deixou de ser apenas o cumprimento das normas e passou a envolver eficiência, ergonomia e sustentabilidade.
A Bunzl EPI reúne as tecnologias mais recentes em proteção química e biológica, aliadas a uma equipe técnica especializada que auxilia na escolha correta de equipamentos conforme a realidade de cada operação. Assim, o risco invisível deixa de ser uma ameaça e se transforma em um risco controlado.