A proteção individual no ambiente de trabalho sempre foi um campo em constante transformação.
Se, no passado, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) eram pesados, desconfortáveis e pouco adaptáveis, hoje eles são resultado de décadas de pesquisa em engenharia têxtil e química de materiais.
O foco já não está apenas em resistir ao impacto, mas também em oferecer conforto térmico, respirabilidade e compatibilidade com diferentes riscos.
Essa mudança é consequência direta de avanços tecnológicos e de normas mais rigorosas, como a NR-6, que exige certificação e testes de desempenho específicos para cada tipo de EPI.
Hoje, um macacão químico, uma luva ou um avental de proteção representam mais do que barreiras físicas: são produtos de alta engenharia. Entender essa evolução ajuda as empresas a tomar decisões mais precisas, reduzindo riscos e aumentando a adesão dos trabalhadores ao uso correto dos equipamentos.
Da lona ao polímero

Fonte: Canva PRO
A história dos materiais de proteção acompanha o avanço das indústrias.
Até a década de 1970, grande parte dos EPIs era feita com tecidos de algodão e lona, reforçados manualmente com borracha natural ou PVC. Esses materiais ofereciam resistência moderada, mas pouca durabilidade e quase nenhum conforto térmico.
A partir dos anos 1980, com o desenvolvimento de fibras sintéticas como aramida, poliéster e polietileno de alta densidade (HDPE), o setor deu um salto de desempenho.
A DuPont, por exemplo, revolucionou o mercado com o Nomex, um tecido resistente a altas temperaturas usado em roupas para bombeiros e soldadores.
Pouco depois, o Kevlar se tornou referência em proteção contra corte e impacto, e até hoje é aplicado em luvas e vestimentas de alto desempenho.
Mais recentemente, a pesquisa em nanotecnologia e química aplicada possibilitou a criação de tecidos técnicos inteligentes, capazes de repelir líquidos agressivos, resistir a abrasão e ainda assim permitir a ventilação corporal.
Materiais microporosos, como o PTFE expandido (politetrafluoretileno), usado em membranas respiráveis, trouxeram o equilíbrio entre proteção e conforto, um marco no design de EPIs químicos.
Resistência química e o desafio da permeação
Entre todos os riscos ocupacionais, o contato com agentes químicos é um dos mais complexos de controlar. A NR-9 exige que as empresas adotem medidas de prevenção à exposição a substâncias nocivas, e a ABNT NBR ISO 27065 estabelece critérios para ensaio de permeação e penetração de produtos químicos através de materiais de vestimenta protetora.
A resistência química não depende apenas do tipo de material, mas da espessura, estrutura e tempo de exposição. Por isso, testes de laboratório são essenciais, mas precisam ser interpretados dentro do contexto de uso real.
Um exemplo comum é a diferença entre luvas nitrílicas e de PVC. Ambas podem ter CA válido, mas o desempenho muda conforme o solvente utilizado. O nitrilo oferece excelente resistência a óleos e hidrocarbonetos, enquanto o PVC é mais eficaz contra ácidos e bases diluídas. Entender essa distinção é o que separa uma gestão de segurança eficiente de uma baseada apenas em conformidade documental.
Materiais compostos e multicamadas
As novas gerações de EPIs químicos utilizam estruturas multicamadas, combinando diferentes polímeros para atingir proteção seletiva.
Entre os mais avançados, estão os tecidos compostos de Tychem®, Saranex® e PE laminado, que oferecem barreira contra solventes orgânicos, pesticidas e agentes biológicos.
Esses materiais, empregados em macacões e aventais, mantêm o isolamento sem comprometer a flexibilidade e a dissipação de calor.
Segundo pesquisas da Fundacentro, o desconforto térmico é um dos principais motivos de recusa ou uso incorreto de vestimentas químicas.
Por isso, as novas soluções priorizam o equilíbrio entre barreira protetora e conforto fisiológico, incorporando tecidos respiráveis com microporos que permitem a saída do vapor d’água sem permitir a entrada de líquidos.
No catálogo da Bunzl EPI, há exemplos dessa evolução.
Macacões de proteção química em polietileno laminado e tecidos microporosos proporcionam resistência comprovada a substâncias agressivas, atendendo às exigências das normas NBR ISO 16602 e EN 14126, sem comprometer a mobilidade do trabalhador.
Critérios técnicos para escolher tecidos e polímeros
Selecionar o material certo para um EPI químico ou têxtil avançado vai muito além de comparar preços ou espessuras.
O processo começa com a análise de risco prevista no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e deve considerar três dimensões: tipo de agente, tempo de exposição e condições ambientais.
No caso de vestimentas químicas, o ensaio de permeação é o principal indicador de desempenho. Ele mede quanto tempo uma substância leva para atravessar o material protetor. Segundo a ABNT NBR ISO 27065, quanto maior o tempo de permeação, maior o nível de proteção.
Entretanto, o material também precisa preservar a mobilidade e a respirabilidade, especialmente em jornadas longas ou ambientes com alta temperatura.
Tecidos de aramida, por exemplo, são resistentes ao calor e à chama, ideais para indústrias siderúrgicas e de energia. Já os laminados de polietileno ou tecidos microporosos são mais adequados para o setor químico e hospitalar, pois criam uma barreira eficaz contra líquidos e aerossóis contaminantes.
Em setores com exposição mista (como saneamento, limpeza industrial e laboratórios), o equilíbrio entre resistência e conforto é decisivo. Por isso, a consultoria técnica deve sempre testar o EPI com base nas substâncias realmente manuseadas, em vez de confiar apenas em tabelas genéricas.
Testes de campo e durabilidade real
Nenhum material, por mais avançado, mantém seu desempenho indefinidamente.
A exposição repetida a solventes, calor, radiação UV e fricção reduz gradualmente a eficácia dos EPIs. Por isso, o teste de campo é essencial para validar a durabilidade real de cada equipamento.
A Fundacentro recomenda que os empregadores criem protocolos internos para verificar a integridade dos EPIs em uso contínuo, observando alterações visuais, perda de flexibilidade ou danos por abrasão.
Além disso, a NR-6 exige que o Certificado de Aprovação (CA) esteja válido e que as condições de conservação do EPI sejam adequadas.
Um exemplo prático é o de luvas de proteção química. Mesmo certificadas, podem perder eficiência antes do prazo se armazenadas em locais úmidos ou expostas a solventes incompatíveis.
Já os macacões microporosos, quando reutilizados sem inspeção, podem apresentar microfissuras que comprometem completamente a barreira química — mesmo sem sinais visuais evidentes.
Esse acompanhamento contínuo garante que o EPI ofereça o desempenho esperado durante toda sua vida útil, não apenas no momento da compra.
Inovação e sustentabilidade nos novos tecidos
Outro avanço notável é a incorporação de materiais sustentáveis no desenvolvimento de EPIs.
Com a pressão por práticas mais responsáveis, fabricantes estão apostando em fibras recicláveis, tingimentos com baixo impacto ambiental e polímeros de origem vegetal.
Estudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) mostram que tecidos técnicos à base de biopolímeros, como o PLA (ácido polilático), têm resistência mecânica comparável aos sintéticos convencionais, mas degradam até 40% mais rápido após o descarte.
Na prática, isso reduz o impacto ambiental sem comprometer a segurança.
Além disso, tecnologias de autolimpeza e repelência duradoura estão ganhando espaço.
Tratamentos com nanopartículas de sílica e fluoropolímeros formam uma camada protetora que impede a aderência de líquidos e sujeiras, prolongando a vida útil do EPI e reduzindo custos de substituição.
Essas soluções não eliminam a necessidade de descarte correto, mas ampliam o tempo de uso seguro e melhoram a sustentabilidade da cadeia produtiva, um ponto valorizado por auditorias ambientais e certificações ISO 14001.
Conforto térmico e desempenho humano
A eficácia de um EPI não depende apenas da resistência do material, mas também de como ele interage com o corpo humano.
Segundo a NR-17, conforto é parte integrante da segurança. Um EPI que causa superaquecimento, irritação na pele ou restrição de movimentos pode aumentar a fadiga e comprometer o desempenho.
Os tecidos técnicos mais modernos são projetados com estruturas tridimensionais que facilitam a ventilação e reduzem o acúmulo de calor.
Alguns modelos, como os macacões microporosos de polietileno laminado disponíveis na Bunzl EPI, unem alta barreira química com respirabilidade otimizada, o que melhora a adesão ao uso em turnos prolongados.
Essa combinação de leveza, resistência e conforto é o que define o novo padrão de desempenho dos EPIs.
Considerações finais
A evolução dos materiais em EPIs é uma resposta direta à complexidade dos ambientes industriais modernos.
Hoje, falar em segurança é também falar em tecnologia, conforto e sustentabilidade.
Empresas que ainda baseiam suas escolhas apenas no preço ou no CA estão ficando para trás. A proteção eficaz exige conhecimento técnico, análise de risco e acompanhamento de desempenho real, fatores que garantem não apenas conformidade legal, mas eficiência operacional.
A Bunzl EPI atua justamente nesse ponto de convergência entre inovação e segurança.
Com um portfólio que inclui tecidos técnicos de alta performance, macacões químicos e luvas resistentes a agentes agressivos, a empresa oferece soluções completas para quem busca elevar o padrão de proteção sem abrir mão do conforto e da durabilidade.