Exoesqueletos industriais nos EPIs: ergonomia avançada e produtividade

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Quem trabalha em funções repetitivas sabe que o corpo cobra a conta. Levantar peso várias vezes ao dia, manter posturas forçadas ou passar horas em pé não é apenas cansativo. Com o tempo, pode causar distúrbios musculoesqueléticos. 

Esses problemas estão entre os maiores responsáveis por afastamentos no Brasil e, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária do Trabalho, representam uma fatia expressiva dos acidentes notificados.

Nos últimos anos, um aliado pouco comum começou a aparecer nas linhas de produção e nos armazéns: o exoesqueleto industrial.

Ao contrário de um EPI tradicional, que apenas protege, esse equipamento também atua junto ao corpo, apoiando movimentos, distribuindo melhor o peso e reduzindo a fadiga. É tecnologia aplicada para preservar a saúde física e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade.

Neste artigo, vamos explorar como esses dispositivos estão sendo incorporados às rotinas de trabalho, quais os tipos disponíveis e quais cuidados são essenciais para garantir que cumpram seu papel de forma segura e eficiente.

 

O que são exoesqueletos industriais e como funcionam

Um exoesqueleto industrial é uma estrutura externa ao corpo, feita de materiais leves como alumínio, fibra de carbono ou polímeros de alta resistência, que é vestida pelo trabalhador para oferecer suporte mecânico em atividades que exigem esforço físico.

Eles podem ser passivos (sem motores, funcionando com molas e articulações) ou ativos (com acionamento motorizado ou hidráulico). O princípio é sempre o mesmo: transferir parte do peso ou esforço para a estrutura, poupando músculos e articulações.

Aplicações comuns dos exoesqueletos na indústria

Em todos os casos, a função  dos exoesqueletora é dupla: proteger a saúde do trabalhador e manter a produtividade sem a perda de ritmo por fadiga. Esses dispositivos já são usados em setores como:

  • Montagem e manufatura automotiva: apoio para braços em trabalhos acima da linha dos ombros.
  • Logística e armazéns: auxílio no levantamento de caixas e movimentação de cargas.
  • Construção civil: suporte para ferramentas pesadas e trabalho em alturas prolongadas.
  • Indústria alimentícia e farmacêutica: manutenção de posturas repetitivas por longos períodos.

Exoesqueletos como parte dos EPIs

Exoesqueletos como parte dos EPIs

Fonte: Canva Pro

Segundo a NR-6, um EPI é qualquer dispositivo ou produto, de uso individual, destinado à proteção contra riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. Quando o exoesqueleto é projetado para reduzir riscos ergonômicos — previstos também na NR-17 — ele passa a se enquadrar como EPI.

Para ser utilizado legalmente no Brasil, o equipamento precisa ter Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho, o que garante que passou por testes e atende aos requisitos de proteção.

Benefícios comprovados

Estudos realizados por universidades e centros de pesquisa, como o Instituto Fraunhofer na Alemanha, indicam benefícios consistentes no uso de exoesqueletos industriais:

  • Redução de até 50% na carga muscular em tarefas específicas.
  • Menor índice de fadiga ao final do turno de trabalho.
  • Diminuição de afastamentos por lesões lombares e de ombro.
  • Aumento da produtividade, já que o operador mantém um ritmo constante por mais tempo.

No Brasil, pesquisas da Fundacentro reforçam que, ao reduzir a sobrecarga física, esses equipamentos contribuem para prevenção de Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Pontos de atenção antes da implementação

Antes de incorporar exoesqueletos aos EPIs de uma equipe, é fundamental observar:

  • Análise ergonômica detalhada, conforme a NR-17, para identificar as tarefas que se beneficiariam do suporte.
  • Adequação ao tipo de trabalho, evitando modelos muito pesados ou restritivos para atividades dinâmicas.
  • Treinamento dos usuários, para correta regulagem e manutenção do equipamento.
  • Monitoramento contínuo dos indicadores de saúde e produtividade, ajustando o uso conforme necessário.

Integração com outros EPIs

A introdução de exoesqueletos na rotina não substitui a necessidade de outros equipamentos obrigatórios. Em operações de corte, soldagem, construção ou movimentação de cargas, o trabalhador ainda deve utilizar óculos de proteção, luvas, calçados de segurança, protetores auriculares e, quando necessário, máscaras respiratórias.

O desafio está em garantir que o exoesqueleto não comprometa a usabilidade dos outros EPIs. Modelos mal projetados podem limitar o alcance das mãos, dificultar o ajuste de cintos ou atrapalhar a fixação de cintas lombares. Por isso, é fundamental que o equipamento seja compatível com o conjunto de proteção definido na NR-6 e na NR-17.

Custos e retorno sobre investimento

O investimento inicial em exoesqueletos pode ser significativo, especialmente em modelos ativos com acionamento motorizado. Porém, quando analisado sob a ótica do custo total de propriedade, o cenário muda. Reduzir afastamentos por lesão, diminuir o índice de rotatividade e manter uma produção constante gera economia a médio e longo prazo.

  • Empresas que implementaram programas de ergonomia com exoesqueletos relatam ganhos como:
  • Menos horas de produção perdidas por afastamento médico.Redução no pagamento de horas extras para compensar faltas.
  • Maior durabilidade física da equipe, evitando a substituição constante de mão de obra especializada.

Além disso, há impacto positivo na imagem institucional: ações visíveis de cuidado com a saúde do trabalhador reforçam a cultura de segurança e podem ser um diferencial em auditorias de certificações como ISO 45001.

Manutenção e gestão do equipamento

Assim como outros EPIs, exoesqueletos exigem manutenção preventiva. Isso inclui inspeção de pontos de articulação, limpeza regular para evitar acúmulo de resíduos e substituição de peças de desgaste.

A gestão eficiente passa por:

  • Cadastro de cada unidade, com identificação de usuário, data de entrega e histórico de uso.
  • Treinamento de inspeção diária, permitindo que o próprio operador identifique anomalias.
  • Plano de reposição de peças, evitando paradas prolongadas quando ocorre falha mecânica.

Quando o equipamento integra tecnologia embarcada (sensores ou sistemas IoT), a manutenção também envolve atualizações de firmware e calibração dos sistemas de leitura.

Desafios e oportunidades no Brasil

Apesar dos avanços, a adoção de exoesqueletos industriais no Brasil ainda enfrenta barreiras, como custo inicial, necessidade de homologação com Certificado de Aprovação (CA) e adaptação cultural das equipes. No entanto, com o aumento da disponibilidade de modelos mais leves e acessíveis, a tendência é que o uso se torne mais comum, especialmente em setores com alta demanda ergonômica, como logística, construção civil e indústria automotiva.

Empresas que saem na frente e investem em soluções de ergonomia avançada tendem a colher benefícios não apenas em produtividade, mas também em retenção de talentos e redução de passivos trabalhistas.

Considerações finais

Incorporar exoesqueletos aos EPIs é mais do que adotar uma tecnologia inovadora, é investir em saúde ocupacional, longevidade profissional e eficiência produtiva. O retorno não está apenas nos números, mas na capacidade de manter trabalhadores seguros, motivados e capazes de executar suas funções com qualidade.

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