Gestão de segurança em ambientes críticos: como a tecnologia redefine a proteção ocupacional

Ambientes críticos, como obras em altura, mineração e logística pesada, exigem uma gestão de segurança que vá além do cumprimento formal da lei. A aplicação de normas como a NR-6, que obriga o fornecimento de EPIs certificados, e da NR-35, voltada para o trabalho em altura, é apenas o ponto de partida. A gestão moderna precisa integrar tecnologia, ergonomia e inovação para reduzir riscos e aumentar a eficiência.
É nesse contexto que os EPIs inteligentes estão transformando a forma como as empresas pensam a proteção ocupacional. Dentre os exemplos mais significativos estão os calçados de segurança, que passaram de meras proteções mecânicas e agora incluem materiais inovadores e até sensores que monitoram impacto, fadiga e circunstâncias ambientais.
Informações do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho (SmartLab), criadas em colaboração entre o Ministério Público do Trabalho e a OIT, indicam que os afastamentos devido a acidentes permanecem concentrados em setores de alto risco, com ênfase nas lesões em membros inferiores Esse quadro evidencia que pés e pernas são pontos vulneráveis que não podem ser ignorados em uma estratégia de gestão integrada.
O papel das normas na gestão de segurança em ambientes críticos

Fonte: Canva Pro
Quando se fala em ambientes de risco elevado, a conformidade normativa é mais do que obrigação: é a base de toda a estratégia de gestão. É a partir dela que se organizam os sistemas de prevenção e se definem parâmetros mínimos de proteção.
A NR-6 estabelece que todo EPI deve ter Certificado de Aprovação (CA) válido, assegurando que foi testado e homologado para uso. Já a NR-18 foca nos canteiros de obras, onde riscos de perfuração, quedas de objetos e movimentação intensa de materiais exigem proteção reforçada. Complementando, a NR-35 trata do trabalho em altura, determinando que o trabalhador disponha de sistemas que reduzam escorregamentos e garantam estabilidade.
Na prática, isso significa que a gestão de segurança não pode tratar botas, cintos ou capacetes como acessórios isolados, mas como partes de um sistema integrado de conformidade. Um calçado de segurança, por exemplo, deve seguir requisitos técnicos da ABNT NBR ISO 20345, que estabelece critérios de impacto, compressão e resistência ao escorregamento.
Inovação em EPIs: da proteção passiva ao monitoramento ativo
O que diferencia os EPIs atuais dos modelos tradicionais é a capacidade de integrar novas tecnologias sem comprometer o desempenho básico. Essa transição marca a passagem de uma proteção passiva para uma proteção ativa, onde o equipamento não só resiste ao impacto, mas também informa e previne.
Entre as principais inovações aplicadas à gestão de segurança em ambientes críticos estão:
- Sensores de pressão e impacto: registram sobrecarga e podem emitir alertas em caso de acidente.
- Materiais avançados: solados em poliuretano bidensidade e cabedais em microfibra com alta respirabilidade aumentam durabilidade e conforto.
- Sistemas antiderrapantes: testados em superfícies molhadas e oleosas, reduzem quedas em altura ou em logística pesada.
- Isolamento elétrico ou térmico: essencial em setores como energia e siderurgia.
- Integração com IoT: modelos que se comunicam com plataformas de monitoramento de EPIs, registrando uso e condições ambientais em tempo real.
Essas inovações estão diretamente conectadas ao que exige a ISO 45001: gestão preventiva, baseada em risco, com melhoria contínua e evidências documentadas.
Aplicações práticas em ambientes de alto risco
Os ambientes críticos não são todos iguais. Cada setor exige que a gestão considere riscos específicos e integre EPIs à rotina de trabalho de forma planejada.
Na construção civil em altura, por exemplo, a NR-35 exige sistemas que previnam quedas. Isso inclui não apenas cintos de segurança e linhas de vida, mas também calçados com solado antiderrapante de alto desempenho, capazes de manter aderência em superfícies metálicas, úmidas ou cobertas de pó de cimento. Um escorregão simples pode ser suficiente para causar uma queda grave.
Na mineração e siderurgia, os pés estão sujeitos a impactos de objetos pesados, calor radiante e respingos de metais fundidos. Nesses ambientes, botas com isolamento térmico e reforço na biqueira, aliadas a sensores de temperatura, podem alertar sobre exposição prolongada ao calor, prevenindo queimaduras.
Na logística pesada, o risco predominante é o esmagamento por empilhadeiras e paleteiras. Aqui, a gestão deve considerar o fluxo de cargas e as condições de piso. Botas mais leves, com biqueira de composite e solado bidensidade, reduzem a fadiga e mantêm a proteção. No catálogo da Bunzl EPI, há opções desenvolvidas para esse equilíbrio entre robustez e conforto.
Critérios técnicos para especificação
A escolha de EPIs em ambientes críticos deve seguir critérios objetivos, sempre vinculados à análise de risco:
- Normas e certificações: CA válido pela NR-6 e conformidade com a NBR ISO 20345.
- Adequação ao risco: biqueira de aço para impacto extremo, composite para leveza e isolamento elétrico, ou polimérica para durabilidade.
- Solado: PU bidensidade para absorção de impacto, borracha nitrílica para calor, ranhuras especiais para altura.
- Tecnologia embarcada: sensores de pressão e integração com IoT quando o ambiente justificar monitoramento contínuo.
Esses critérios evitam erros como comprar botas inadequadas para pisos escorregadios ou ignorar a fadiga em jornadas longas.
Benefícios para gestão e cultura organizacional
Investir em EPIs corretos e inteligentes em ambientes críticos não é só custo, é estratégia. Entre os principais ganhos estão:
- Redução de afastamentos: menos acidentes significam menos custos previdenciários e substituição de mão de obra.
- Produtividade sustentada: equipamentos ergonômicos reduzem fadiga e mantêm o ritmo.
- Engajamento do trabalhador: adesão cresce quando o colaborador percebe qualidade e conforto no EPI.
- Evidências em auditorias: relatórios que conectam risco identificado a EPI fornecido fortalecem a empresa em inspeções e certificações.
Considerações finais
A gestão de segurança em ambientes críticos exige muito mais do que cumprimento de checklists. Requer análise técnica, integração de normas e aplicação de tecnologias que transformam os EPIs em aliados ativos da prevenção.
Entre os exemplos, as botas inteligentes mostram como inovação pode ser aplicada a algo aparentemente simples, mas que faz toda a diferença em setores de risco elevado. Integradas a outros equipamentos e ao sistema de gestão, elas ajudam a reduzir acidentes, aumentar produtividade e criar uma cultura sólida de segurança.
Na Bunzl EPI, empresas encontram não apenas um portfólio de EPIs certificados, mas também apoio técnico para alinhar tecnologia, ergonomia e conformidade às necessidades reais de cada ambiente de trabalho. É dessa integração que nasce a verdadeira redefinição da proteção ocupacional.