Segurança em trabalhos verticais: como o planejamento reduz riscos invisíveis

Trabalhar em altura é um dos cenários mais desafiadores da segurança ocupacional. Escadas, andaimes, plataformas suspensas ou telhados não oferecem margem para erro.
Uma descida de apenas dois metros pode resultar em ferimentos sérios e, em várias circunstâncias, mortais. Portanto, a NR-35 impõe normas rigorosas para atividades executadas a mais de dois metros de altura, requerendo organização, capacitação e utilização de equipamentos apropriados.
Mas mesmo com normas claras, muitos acidentes continuam acontecendo. O motivo não está apenas na ausência de EPIs, mas também na falta de planejamento integrado. É nesse ponto que surgem os riscos invisíveis: detalhes que não estão no olhar imediato, mas que fazem toda a diferença na prevenção.
Planejamento como primeira barreira de proteção

Fonte: Canva Pro
O erro mais comum em trabalhos verticais é tratar a segurança como uma checklist de EPIs. Capacete, cinto, talabarte, mosquetão, todos podem estar presentes, mas se o planejamento falhar, a chance de acidente permanece alta.
Um bom planejamento inclui:
- Avaliação prévia do local: verificar estruturas, condições do piso, pontos de ancoragem e a estabilidade do equipamento.
- Análise de condições ambientais: vento, chuva e iluminação afetam diretamente a segurança em altura.
- Definição de rotas e acessos: garantir que a movimentação até o ponto de trabalho também seja segura.
- Plano de resgate: a NR-35 é clara ao exigir que cada atividade tenha procedimentos definidos para resgate rápido em caso de queda.
É nesse momento que a consultoria técnica faz diferença. Um olhar externo e especializado enxerga detalhes que a rotina tende a naturalizar, como o desgaste de um ponto de ancoragem ou a ausência de piso antiderrapante em escadas metálicas.
O papel invisível das botas de segurança no trabalho em altura
Entre os EPIs mais lembrados para altura estão os cintos e talabartes. Mas há um aliado menos óbvio: as botas de segurança. A aderência do solado e a estabilidade do calçado reduzem significativamente a probabilidade de escorregamentos em superfícies lisas ou inclinadas.
Modelos antiderrapantes, com solado bidensidade e canais de drenagem, como os disponíveis na linha de botas da Bunzl EPI, ajudam a manter o equilíbrio em andaimes molhados ou telhados com resíduos. Além disso, calçados ergonômicos diminuem a fadiga durante longas jornadas, o que impacta diretamente a atenção do trabalhador.
Botas podem parecer secundárias, mas quando se fala em trabalhos verticais, elas fazem parte do sistema de prevenção tanto quanto os cintos de ancoragem.
Critérios técnicos para planejar trabalhos verticais
Planejar trabalhos verticais não é só definir quem vai subir no andaime. É um processo que precisa integrar análise de risco, definição de métodos de acesso, escolha de equipamentos e protocolos de emergência. A NR-35 obriga que cada atividade em altura tenha um plano de ação documentado, o que exige preparo prévio.
Esse planejamento envolve:
- Estudo estrutural do local: a qualidade dos pontos de ancoragem, a resistência do piso e a inclinação do terreno podem determinar se a atividade é viável.
- Seleção de equipamentos de acesso: andaimes, escadas, plataformas elevatórias e linhas de vida precisam ser adequados ao risco.
- Definição de EPIs corretos: além de cintos e talabartes, o planejamento deve incluir calçados antiderrapantes, luvas para fixação e capacetes com jugulares.
- Simulação de resgate: planejar significa prever falhas. Cada atividade em altura deve ter estratégia de resgate documentada e testada.
Esse conjunto de medidas garante que o trabalho seja feito com menos improviso e mais previsibilidade.
O peso dos números: por que ainda se cai tanto?
De acordo com o Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho da Previdência Social (AEAT), divulgado pelo Ministério da Previdência, as quedas de altura estão entre as três principais causas de morte em atividades laborais no Brasil. Relatórios da Fundacentro apontam que em média 1 a cada 5 acidentes fatais na construção civil envolve queda.
Esses dados revelam que o risco não está apenas na negligência individual, mas também em falhas de gestão. Em muitos casos, os trabalhadores até usavam cinturão, mas a falta de ancoragem correta ou de calçados com aderência suficiente foi determinante para o acidente. Isso mostra como o planejamento integrado é tão importante quanto o fornecimento do EPI.
Integração entre gestão, treinamento e EPIs
Um dos pontos centrais da NR-35 é o treinamento obrigatório para todos os trabalhadores que executam atividades em altura. O curso, com carga mínima de oito horas, não pode ser visto como formalidade: ele deve ser incorporado ao processo de planejamento.
Na prática, isso significa:
- Simulações de resgate realizadas em conjunto com os equipamentos que realmente serão usados.
- Exercícios de movimentação em superfícies escorregadias ou inclinadas, usando botas antiderrapantes, como as da linha de botas de segurança da Bunzl, que ajudam a treinar estabilidade real.
- Integração com programas de gestão como o PGR da NR-1, para garantir que cada risco de altura esteja registrado e controlado.
Esse alinhamento fortalece a cultura de segurança: não basta entregar o EPI, é preciso treinar o corpo e a mente do trabalhador para usar cada equipamento de forma correta.
Desafios invisíveis do trabalho em altura
Mesmo com normas e treinamentos, existem fatores menos evidentes que continuam sendo causa de acidentes:
- Fadiga muscular: longos períodos em postura vertical aumentam a chance de erro de movimento. Botas ergonômicas reduzem a carga sobre joelhos e tornozelos.
- Condições climáticas: vento e chuva alteram o comportamento do trabalhador em altura, exigindo revisão do planejamento.
- Interferência de terceiros: um colega que movimenta material ou equipamentos pode gerar instabilidade no andaime.
- Rotina excessivamente acelerada: pressão por prazos leva a atalhos perigosos, como não prender corretamente o talabarte ou não usar calçado antiderrapante.
A consultoria técnica identifica esses fatores e ajuda a construir medidas de mitigação que não estão explícitas na lei, mas fazem a diferença na prática.
Considerações finais
O trabalho em altura continuará sendo uma das atividades mais arriscadas da indústria e da construção. Mas os acidentes não precisam ser encarados como inevitáveis. Quando o planejamento é feito de forma integrada, avaliando riscos, definindo métodos, selecionando EPIs adequados e treinando equipes, os chamados “riscos invisíveis” deixam de ser surpresa e passam a ser controlados.
Nesse processo, equipamentos como cinturões, talabartes e botas de segurança antiderrapantes não são acessórios isolados, mas partes de um sistema de prevenção.
A Bunzl EPI oferece não apenas produtos certificados para trabalhos em altura, mas também consultoria técnica especializada para ajudar empresas a transformar planejamento em prática. Com conhecimento normativo e experiência de campo, é possível reduzir acidentes e criar ambientes mais seguros para todos.